terça-feira, 27 de abril de 2010

O Poder dos Fatos

Escrevi antes sobre o poder das Palavras e agora me coloco a pensar sobre o poder dos fatos... alguns acontecimentos nos surpreendem de tal maneira, positiva ou negativamente, que contra eles nos sentimos impotentes. A clássica frase: é fato, não tem como negar, não há o que fazer.
Quem nunca desejou em algum momento que sua vida fosse como um filme... lembrei-me de vários deles agora: Click, Efeito borboleta, Como se fosse a primeira vez, De volta para o Futuro... filmes cujos personagens em determinado momento voltam no tempo e tomam decisões diferentes (aparentemente insignificantes até) e mudam todo desfecho da trama.
Diariamente tomamos milhares de decisões e caminhamos rumo ao desconhecido. Imaginamos, sonhamos, planejamos como se tivéssemos o controle dos acontecimentos em nossas mãos, até sermos surpreendidos por um fato, um acontecimento não esperado.
Destino? Não me conforta. O que me importa crer que tudo está pré-determinado se o que está pré-determinado eu desconheço e preciso igualmente decidir o que fazer, pra onde ir, onde quero chegar.
Nas alegrias da vida me compete ficar com o mérito: eu decidi sair de casa, eu optei por este curso, nós decidimos nos casar, Deus (no máximo) me ajudou...
São nos momentos de tristeza e dor, quando sentimos o peso das nossas escolhas sobre nossos ombros, quando sentimos que estamos perdidos sem saber pra onde ir, que recorremos à divindade: era pra ser assim; Deus quis assim; tudo tem um objetivo, nada acontece por acaso; é o destino que Deus traçou pra mim; ou na pior hipótese, estou pagando pelos erros que cometi numa outra encarnação (erro esse que desconheço e nem me compete pedir perdão, apenas aceitar e pagar nesta vida).
Alguns comentários coloquiais que ouço por aí me preocupam: "as pessoas não mudam mesmo"; "Filho de peixe, peixinho é"; "fez uma vez vai fazer sempre"; "o amor não muda as pessoas"; "pau que nasce torto nunca se endireita ... assim parece fácil julgar as pessoas... Só me pergunto se eu estou entre as "sem solução" ou as "incapazes de errar"? Ou somos julgados/as por tema: gosto de estudar e sempre gostarei, sou fiel e sempre serei, roubei uma vez e sempre serei ladra, menti e por isso estou condenada à mentira... é assim que funciona?
Não tenho o controle dos fatos em minhas mãos, isso atesta a fé cristã, mas tenho escolhas a fazer diante dos fatos, ainda que eu não saiba exatamente aonde essas escolhas me levarão...
Não posso escolher/determinar tudo ao meu redor. Mas escolho em que direção quero seguir.
Diante de mim há um horizonte que me orienta, que ao olhar para ele reconheço quem eu sou e ajuda quando me sinto perdida, sem rumo.
No meu horizonte eu vejo flores porque não abandono as boas sementes, eu vejo a paz, porque não alimento o ódio e busco a reconciliação, eu vejo amor porque carrego ele comigo e esse não me há de faltar, eu vejo grandes encontros porque procuro pelo abraço e prefiro não caminhar sozinha. Eu vejo Deus cujo poder de atração me leva para junto dele mesmo quando pareço distante... Ela me toma em seus braços, cura as feridas do meu caminhar, alivia o meu cansaço e me da de comer. Como criança pequena eu me vejo adormecer em seus laços, no conforto do seu colo encontro a minha paz (cf. Os 11.4).

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