"O vinho molha e tempera os espíritos e acalma as preocupações da mente...ele reaviva nossas alegrias e é o óleo para a chama da vida que se apaga. Se você bebe moderadamente em pequenos goles de cada vez, o vinho gotejará em seus pulmões como o mais doce orvalho da manhã...Assim, então, o vinho não viola a razão, mas sim nos convida gentilmente à uma agradável alegria." (Sócrates)
Gosto do outono porque ele tem seus mistérios. É quando as plantas e os animais mudam sua roupagem, trocam de cor, concentram suas energias no que é essencial para a sobrevivência na próxima estação. Os galhos vazios, as folhas secas nos parques, o vento frio nas manhãs e fim de tarde comunicam que o inverno se aproxima.
As pessoas também acabam criando seus rituais de preparação para receber o inverno. A previsão do tempo anuncia as primeiras frentes frias e nós vamos tirando dos roupeiros os cobertores, os blusões de lã (alguns cheirando a mofo ainda), os casacos. Lembramos de comprar lenha pros fogões e lareiras antes que o frio aumente e o preço da lenha suba na mesma proporção e, claro, substituímos a cerveja (para alguns, sinônimo de férias e verão) pelo nosso bom vinho de cada dia.
Nada se compara ao prazer desses primeiros dias frios – pela saudade que muda nossas sensações e nos tira do campo racional (nem nos deixa pensar nos transtornos que o frio causa na vida da gente) e porque é parte importante do jeito caxiense de ser.
Não tem como imaginar a vida aqui sem o frio, sem os parrerais, sem os vinhos e espumantes que alimentam a economia e a cultura da região, sem os queijos coloniais e as massas caseiras servidas das mais variadas formas, e sem o cheiro da fumaça das chaminés que deixa as noites ainda mais nubladas e misteriosas reforçando as características interioranas dessa grande cidade.
Eu aprendi a amar o outono e a aceitar o inverno com sua beleza e rigidez típicas. Esse ano quero seguir à risca o rito outonal: também quero desprender-me de algumas folhas secas e soltá-las ao vento, quero cuidar daquilo que me é essencial nas noites frias da vida, alimentar o que me sustenta e me permite brotar em novas estações, quero manter o corpo e a casa aquecidos para ser aconchego e morada.
Lise e Aluizio, Abraço por estarem comigo neste espaço que ainda me é “estranho”, mas gosto.
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