Paixão e encantamento não se explica, mas tem seus motivos. É um jeito de olhar e perceber... é encontrar aquele "quê" a mais que preenche de alguma forma nossas expectativas.
Eu sou uma apaixonada por Caxias do Sul e não é de hoje. Ás vezes penso em sair daqui não por amor a outra cidade e sim por amar e sentir saudade de pessoas que moram em outras cidades. Quando penso em fugir daqui penso que talvez a cidade não estranhe a minha ausência... eu sim, sentiria muito a sua falta.
Caxias é fria e, para mim, um tanto solitária. Só que sentir solidão aqui tem lá a sua beleza - diga-se de passagem, beleza gratuita.
Passear sozinha ou acompanhada pelo Parque dos Macaquinhos é muito prazeroso. Ali, em pleno centro da cidade, um enorme jardim. Paro e observo alguns homens jogando futebol na quadra, crianças pequenas no parquinho, uma jovem sentada na grama lendo um livro e ouvindo musica ao mesmo tempo, um casal caminhando na pista, namorados sentados como eu, mas ao invés de observarem as pessoas ao redor, preferem olhar um para o outro e riem à toa como se estivessem a sós. De longe eu só ouvia o barulho dos skates e bicicletas deslizando e batendo na pista que fica na parte alta do parque. A riqueza do parque é justamente essa de reunir pessoas tão diferentes e abrigar a todas, cada qual com suas particularidades.
E o frio, tão cruel e impiedoso, às vezes é só um pretexto para gente buscar abrigo e se juntar em algum dos cafés da cidade. Por alguns Reais voce pode desfrutar de um ambiente realmente aconchegante e acolhedor; tomar uma taça de café com leite e ter à sua disposição uma estante de livros composta basicamente de temas regionais, poesias, crônicas e fotografias.
Não há pressão pra voce desocupar a mesa, nem olhares contrangedores querendo te empurrar produtos, ainda que as guloseimas nas vitrines por si só ja sejam uma tentação.
A liberdade é sua de saber como quer aproveitar o tempo. Eu estava com fome de café com poesia.
O aperitivo:
Antecipação - Luciano Montauri de Moraes
Por que me dói a incisão antes do corte?
Por que me envenenas a visão antes do bote
e pára a pulsação antes da morte?
E se o que eu prevejo não ocorre
por que essa ressaca antes do porre?
Prato principal:
"... Te amarei nas melodias das geofrafias do mundo
de quando os dias sorriam a alegria que eu era". (Dolloris Maggione)
A Gulla:
"Antes que nasça o nunca..."
"Saudades batem pés pra não morrer de frio. (Dolloris)"
Saciada a minha fome, volto pra casa como amante satisfeita e durmo com cara de boba.
Um comentário:
Tem muito sentimento no que vc escreve...é mesmo lindo. Parabéns. Bjos. Jan
Postar um comentário